Vanessa Martins, a nova Diretora da Marriott no Brasil

Escrito em 01/04/2024
Edgar J. Oliveira


As mulheres estão conquistando cada vez mais cargos de liderança na hotelaria e Vanessa Martins é um bom exemplo, pois ela foi promovida a nova Diretora de Área da Marriott no Brasil. Seu desafio é criar ainda mais sinergia entre as propriedades e as ações da Marriott no Brasil e expandir o portfólio de várias marcas mundiais. Em breve a capital paulista terá as marcas The Westin São Paulo e o W São Paulo e vê oportunidades de crescimento com a marca City Express by Marriott no País.

Em seu curriculum, Vanessa apresenta passagem pela Disney, onde trabalhou tanto em hotéis, na área de Alimentos e Bebidas, como e Parques Temáticos, foi Diretora de Alimentos e Bebidas de uma unidade no Panamá, além de fazer parte da equipe Marriott durante a pré abertura dos hotéis Marriott & Renaissance de Costa de Sauipe. Gerente Geral responsável pela abertura dos hotéis Courtyard e Residence Inn by Marriott, ela que recebeu toda a imprensa internacional durante as Olimpiadas de 2016 no Rio de Janeiro. E seu mais recente desafio foi gerenciar o Renaissance São Paulo Hotel.

 

Confira nessa entrevista exclusiva mais alguns planos e expectativas de Vanessa Martins frente ao comando no Brasil de uma das mais conceituadas redes hoteleiras mundiais.

Revista Hotéis - Você acaba de ser nomeada como nova Diretora de Área da Marriott no Brasil. Qual o desafio desse cargo, os planos que deseja implementar e as metas que busca atingir?

Vanessa Martins - Estou muito animada com as possibilidades, o futuro da Marriott no Brasil e as oportunidades que esta posição de mercado cria para os hotéis existentes e futuros no País. Temos diversas estruturas que há anos já trabalham de modo conjunto, responsáveis pela supervisão de todos os hotéis da rede – como vendas, revenue management, reservas, marketing, relações públicas, qualidade, recursos humanos, finanças, entre outras. Nesta posição, o objetivo é criar ainda mais sinergia entre as propriedades e as ações da Marriott no Brasil. Recentemente lançamos uma parceria entre o nosso plano de fidelidade Bonvoy e a Rappi, um exemplo de iniciativa que traz ainda mais conhecimento da marca e ampliam as vantagens e benefícios do programa para os brasileiros.

R.H - Como a Marriott está posicionada no mercado hoteleiro brasileiro? Quais são os planos de crescimento e as novas aberturas. Ter um portfólio variado de marcas é um incentivo a buscar as oportunidades apresentadas pelo mercado?

V.M - O mercado brasileiro é muito importante para a Marriott Int. No último trimestre deste ano vamos inaugurar o W São Paulo, na Vila Olímpia. Em futuro próximo ainda teremos a inauguração do The Westin São Paulo e do W Gramado. As três são propriedades novas focadas nos mercados premium (The Westin) e de ultraluxo (W). Além disso, a companhia vê oportunidades de crescimento com a marca City Express by Marriott no País.

 R.H - Como e quando você iniciou sua carreira profissional na hotelaria? O que a motivou a entrar nesse segmento?

V.M - Eu comecei na área da hospitalidade trabalhando em restaurantes de rua, logo após trabalhei por quase dois meses na Disney, no início destes programas de intercâmbio cultural que ofereciam experiência de trabalho no exterior, e logo me apaixonei pela hospitalidade. No meu retorno, já comecei a trabalhar para a Marriott e em breve completarei 24 anos na rede. Eu me sinto muito privilegiada por trabalhar na hotelaria, tenho muito orgulho da indústria da hospitalidade, do que fazemos no dia-a-dia e nas oportunidades de carreira que ela pode oferecer. 

R.H - Você teve uma passagem de dois anos pelos hotéis e parques do Walt Disney World que é considerada a grande escola mundial do entretenimento e hospedagem. Como foi essa experiência e no que ela contribuiu para sua carreira profissional?

V.M - Eu era obviamente muito jovem e já trabalhava em restaurantes de rua. Na Disney, trabalhei tanto em hotéis, na área de Alimentos e Bebidas, como em Parques Temáticos, sempre em posições totalmente operacionais, como costumam ser estes programas de intercâmbio. Mas tive a oportunidade de entender como esta empresa enorme de entretenimento e hospitalidade funciona, como cuida de seus hóspedes e da sua equipe, fiz muitos treinamentos de serviço e regressei ao Brasil certa de que desejava continuar trabalhando na área de serviços.

“Estamos de olho nas oportunidades apresentadas pelo mercado brasileiro para crescer e consolidar nossas marcas”

R.H - Além dos Estados Unidos, você chegou a ocupar um importante cargo no Panamá. No que essa experiência internacional contribuiu para sua volta ao Brasil para se juntar ao time de abertura dos hotéis Marriott & Renaissance Costa do Sauípe Resorts. Como foi esse desafio de implantar marcas internacionais num destino até então desconhecido.

V.M - Eu na verdade iniciei na Marriott durante a pré abertura dos hotéis Marriott & Renaissance de Costa de Sauipe, em 2000. Foi muito desafiador e igualmente recompensador. Morei na Bahia por sete anos e ainda sou apaixonada pela cultura local e pela operação de grandes resorts. No Panama, fui Diretora de Alimentos e Bebidas, e foi delicioso aprender uma nova cultura, outro idioma e trabalhar em um hotel que tinha muito sucesso, tanto do ponto de vista financeiro, como também na satisfação dos hóspedes e dos colaboradores. Foi uma excelente escola naquele momento da minha carreira.

R.H - Em 2016, durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, você exerceu a função de Gerente Geral responsável pela abertura dos hotéis Courtyard e Residence Inn by Marriott, que recebeu toda a imprensa internacional durante o evento. Com todos os holofotes da imprensa mundial concentrada nesses dois hotéis, como foi o desafio? A pressão foi grande para não haver erros?

V.M - Foi uma corrida contra o tempo – a pressão de abrir os hotéis perfeitamente, ver terminar todas as obras do entorno, e treinar a equipe adequadamente para que um mês depois tivéssemos 100% de ocupação por muitas semanas. Uma peculiaridade do hotel da imprensa é que estes hóspedes chegam bem antes dos jogos começarem, vem de todas partes do mundo, e estão todos trabalhando em fuso-horários diferentes, de acordo com o horário de transmissão de seu País de origem.  O planejamento da abertura incluiu uma operação robusta 24 horas por dia – já que nossos hóspedes tinham esta peculiaridade de trabalhar em horários muito diferentes do nosso, muitas vezes com transmissões durante todo o dia e madrugada. O restaurante do hotel por exemplo servia alimentação variada, de cardápio de café da manhã a buffets e petiscos, todo o tempo – e atendeu entre 1000 e 1500 pessoas por dia, hóspedes e não hóspedes, durante 30 dias consecutivos.

R.H - Com sua visão e experiência internacional, como enxerga os gargalos existentes na hotelaria brasileira. O que fazer para nos tornamos um destino mais atrativo e competitivo? A hotelaria brasileira está preparada?

V.M - Sim. E vamos seguir melhorando a medida que a demanda de turistas internacionais crescer. Temos tanto a oferecer - do turismo de negócios, gastronômico, feiras e convenções, passando por grandes shows, até o turismo que visita todas nossas incomparáveis belezas naturais. O turista estrangeiro tem um mundo para experimentar no Brasil. Quanto mais ampliamos a malha aérea interna, mais abrimos hotéis e divulgamos os destinos, mais turistas internacionais teremos chegando aos muitos encantos que o Brasil tem a oferecer.

“Toda mulher já sofreu alguma situação relacionada ao machismo, que está inserido na nossa sociedade e cultura”

R.H - Pelo fato de ser mulher e ter alcançado cargos de liderança no segmento hoteleiro, você já sofreu algum preconceito, como machismo? Você acha que o Brasil está lidando melhor com essa questão da equidade de oportunidades entre mulheres e homens no mercado de trabalho?

V.M - Toda mulher já sofreu alguma situação relacionada ao machismo, que está inserido na nossa sociedade e cultura. Mas a sociedade e as empresas seguem avançando. Sou otimista, e acredito que representatividade impede que muitas destas situações ocorram – ao construir equipes mais diversas, convidamos muitos pontos de vista à mesa, e temos maiores chances de evitar que situações de preconceito ou machismo se perpetuem.

O Hotel Renaissance São Paulo é uma das unidades da Marriott no Brasil

R.H - Na sua opinião, existe alguma diferença no modo como uma mulher gerencia um hotel, para como um homem gerencia? O olhar feminino faz a diferença?

V.M - Eu disse isso em uma entrevista recente que celebrava o Dia da Mulher - Falar da maneira de gerenciar ou de liderar de uma mulher ou de um homem, de maneira genérica, pode facilmente resvalar em estereótipos que acabam perpetuando os preconceitos. Aquele estereótipo de gênero de que homens “lideram” e mulheres “cuidam”. Mulheres também são assertivas, estratégicas, e não deveriam encontrar resistência ao demonstrar estas características tidas como “masculinas”. Agora, o ambiente de trabalho ideal é cada vez mais colaborativo – no mundo conectado e dinâmico de hoje, nenhum líder possui todas respostas, as equipes estão espalhadas em lugares diferentes, o mundo e o ambiente de trabalho é muito melhor se exaltar a colaboração – e esta é uma caraterística que conhecemos como feminina, mas que atualmente todos lideres precisam demonstrar.

R.H - A Marriott tem algum programa de incentivo e preparação para as mulheres conseguirem alcançar postos de gerência e direção? E qual conselho daria para as mulheres que estão começando e almejando altos cargos de liderança na hotelaria?

V.M - Sim, replicamos aqui no Brasil os programas da Marriott International como o “Women Lets Talk Forum”, que visa a apoiar o projeto de desenvolvimento de liderança feminina na companhia. Também participamos do ARG (Associate Resource Group, para Mulheres) e no Hotel Renaissance São Paulo, por exemplo, possuímos um comitê de diversidade, equidade e inclusão local, onde um dos braços discute ações para promover a equidade de gênero. No dia-a-dia, práticas como nomear mulheres para 50% das oportunidades de treinamento corporativos e desenvolvimento oferecidas, também criam oportunidades.

Na realidade onde estou inserida já estamos muito próximas de ter equidade de gênero. A Marriott possui programas relacionados a promover mulheres a cargos de liderança há mais de 20 anos, são programas consolidados e que continuam a ser promovidos. A Marriott estabeleceu como meta alcançar a equidade de gênero mundialmente em 2025, e terminou 2022 com 47% de todas posições executivas globais ocupadas por mulheres, estamos perto. No Brasil, em oito hotéis gerenciados por nós, temos cinco mulheres ocupando o cargo mais alto, de Gerentes Geral.