A cidade só possui 17 mil leitos, mas deverá receber pelo menos 40 mil visitantes para esse evento mundial que acontece de 10 e 21 de novembro de 2025
A conquista do Brasil para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática em Belém (PA), que acontece de 10 e 21 de novembro de 2025, trará enorme visibilidade ao País. Este evento se destaca como um dos mais importantes no calendário global para a discussão e formulação de políticas ambientais, reunindo líderes mundiais, cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil em uma tentativa de fortalecer os compromissos internacionais com a mitigação das mudanças climáticas. A escolha de Belém não é apenas simbólica, mas estratégica: situada na Amazônia, a cidade representa o coração de uma das regiões mais importantes para o equilíbrio climático do planeta. A candidatura da cidade foi feita pelo próprio Presidente Lula, ao participar da COP-27, no Egito. E segundo ele, como a floresta amazônica era o principal tema de debate nas conferências das quais participou, em Paris e Copenhague, além do Egito, ele decidiu sugerir que a COP fosse realizada na região, para que as pessoas pudessem conhecer a floresta e suas riquezas.
O anúncio oficial da escolha de Belém como sede do evento aconteceu em maio de 2023, quando começaram a se formar as frentes de trabalho para a organização do evento, que inclui um conjunto de ações necessárias para que a capital paraense esteja pronta para receber pessoas de todo o mundo. No mesmo ano foi formado um Comitê Técnico para a COP-30, coordenado pela Casa Civil e integrado pelos ministérios das Relações Exteriores, Meio Ambiente, Planejamento e Cidades, com objetivo de definir um Plano de Trabalho para acompanhar projetos de infraestrutura, logística, obras e articulação necessárias à realização do mais importante evento internacional sobre o clima. O governo do Pará e a prefeitura de Belém participam do Comitê como convidados.
No início de 2024, o presidente Lula assinou um decreto que instituiu a Secretaria Extraordinária para a COP 30 (11.955, 19/03/24). Essa Secretaria fica responsável pela articulação entre o município-sede, Belém, o estado do Pará e o Governo Federal, além da interlocução com a ONU - Organização das Nações Unidas que promove o evento. Entre as competências do órgão estão o monitoramento das obras necessárias para a promoção do evento, a gestão de contratos, convênios e acordos, a articulação do poder público para ações de segurança, saúde, mobilidade urbana, acesso aéreo e a capacidade de carga turística.
Marco na luta contra as mudanças climáticas
A COP-30 promete ser um marco histórico na luta global contra as mudanças climáticas. No entanto, a escolha da cidade amazônica como sede do evento traz consigo uma série de desafios logísticos, especialmente no que diz respeito à hospedagem dos milhares de participantes esperados. Mas os nossos governantes esqueceram que Belém não possui infraestrutura de portos, aeroportos, estradas, mão de obra qualificada e bilingue, como nos receptivos e hotelaria, para receber um evento dessa dimensão mundial. Segundo estimativas da FGV - Fundação Getúlio Vargas, espera-se um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da COP-30. Deste total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada “família COP”, formada pelas equipes da ONU e delegações de países membros. Somente para receber este grupo, são necessários investimentos de retrofit e adequações nos meios de hospedagens da cidade, que atualmente concentram perfis nas classes C e D, para perfis nas classes A e B. Belém, embora rica em cultura e história, possui uma infraestrutura hoteleira limitada se comparada a grandes metrópoles e para atender a demanda também foram cogitadas diversas opções, como distribuir os visitantes para uma área além da capital. O litoral paraense poderia ser uma alternativa de hospedagem, para isso a cidade de Salinópolis serviria ponto de apoio para a hospedagem de chefes de estado e autoridades. Conhecida popularmente como Salinas tem um forte apelo turístico e é servida por hotéis e resorts, porém está localizada a 215km de Belém. Para melhor equacionar a logística, a aposta seria no deslocamento aéreo para facilitar o acesso à capital paraense, mas talvez não seja uma alternativa tão viável. Outra tentativa de aumentar a oferta de hospedagem seria a readequação de edificações já existentes. Chegou a se considerar a hipótese de que prédios federais desocupados pudessem ser cedidos ou alienados à iniciativa privada para serem convertidos em hotéis. Sete prédios foram mapeados pela SPU - Secretaria do Patrimônio da União, com as informações de localização, tamanho da área, pendências financeiras e fiscais, além de obras e serviços necessários para reforma, restauro e revitalização, porém não houve mais informações de como funcionaria a iniciativa. O fato é que devido ao curto prazo para a preparação, as soluções precisam ser mais práticas e objetivas.
Déficit hoteleiro e opções alternativas
De acordo com Toni Santiago, Presidente da ABIH/PA – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, regional do Pará - a cidade de Belém possui atualmente em torno de 17 mil leitos e no momento não há nada em construção. “Existe a expectativa da Rede de Hotéis Vila Galé construir mais 360 leitos e outros pequenos hotéis que estão sendo reformados entrarem com mais 520 leitos. Ficando na capital em torno de 18.000 leitos. A ABIH está em constante contato com o poder público estadual e municipal. Além da capital, temos os municípios da grande Belém, que dispõe aproximadamente de 1.200 leitos”, explica Santiago.
Ainda assim esse número fica bem aquém dos estimados 40 mil visitantes que devem chegar à capital paraense para a conferência. Para atender a demanda, será necessário um esforço conjunto entre o governo, a iniciativa privada e a comunidade local para ampliar e melhorar a capacidade de hospedagem. Toni Santiago destaca que a comercialização de hospedagens já começou e que há um cuidado especial para atender as demandas governamentais de embaixadas e suas comitivas. “Vários hotéis estão em obras, adaptando alguns de seus apartamentos para suítes presidenciais. Lembrando sempre que a COP-30 é realizada num período de duas semanas”.
Orlando de Souza, Presidente executivo do FOHB – Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil, acredita que o desafio é muito grande e vai ser preciso muita criatividade e maleabilidade para encontrar as soluções. “Para a realização da COP-30, em novembro de 2025, ou seja, menos de dois anos, não há tempo hábil para a construção de novos hotéis, que seria a primeira possibilidade para suprir a demanda. A segunda possibilidade seria o retrofit ou a readequação de prédios e estruturas para hospedagem, o que também não me parece suficiente para resolver o problema da hospedagem”, frisa Orlando. Ele destaca que a questão é complexa porque não se resolve somente com o aumento do número de hospedagens, é preciso também pensar em demanda e na relação entre investimento e retorno. “O número atual de leitos em Belém, se dá de acordo com a demanda da região. No ano 2023 a taxa ocupação ficou em torno de 65%, assim como em 2022. Se houver a construção de novos hotéis haverá queda na taxa de ocupação, assim como de diária média, pois vai se ampliar a oferta para uma demanda que já não é muito alta. Para alguém construir um novo hotel, é preciso ver se haverá retorno sobre o investimento”, vaticina.
Clóvis Carneiro, Diretor executivo do Hotel Princesa Louçã, faz um comparativo com as duas últimas edições da COP para tentar entender o tamanho do desafio de Belém. “Temos que observar o fato de uma conferência internacional da magnitude da COP na Amazônia ser diferente de uma acontecida nas margens do Mar Mediterrâneo, Sharm El Sheikh, ou em Dubai, - para ficarmos nas duas últimas. É muito mais difícil chegar a uma cidade no Norte do Brasil do que a poucas horas de voo da Europa. Além disso, o número de participantes oficiais foi praticamente o mesmo no Egito e nos Emirados Árabes Unidos, aproximadamente treze mil pessoas. A grande diferença entre o número de pessoas nas COPs de Dubai e Sharm El Sheikh foram de observadores, reivindicantes e daqueles que tinham algum protesto a fazer. Acredito que deveremos ter algo em torno de trinta mil participantes na COP de Belém. As razões para essa estimativa foram colocadas quando estimamos o atendimento da demanda extra específica da conferência. Belém conta com 13.500 unidades habitacionais classificadas e o Governo do Pará tem se mobilizado para oferecer alternativas de hospedagem aos visitantes não oficiais, teremos transatlânticos e outras hospedagens alternativas. Isso deverá atender ao público excedente”. O Hotel Princesa Louçã tem 363 unidades habitacionais, sendo 24 suítes. Além disso, dispõe de 16 salas de reunião e facilidades para convenções com até 1.200 pessoas.
Algumas discussões giram em torno do aumento da oferta de hospedagem em pousadas e acomodações temporárias, possível construção de novos hotéis e a renovação dos existentes, porém como dito anteriormente, há pouco tempo hábil para essas soluções. Os motéis também surgem como opção de hospedagem. A última Pesquisa de Serviços de Hospedagem (PSH 2016), realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério do Turismo, apontou que havia 31,3 mil estabelecimentos de hospedagem no País, com 1 milhão de unidades habitacionais (suítes, quartos, chalés) e 2,4 milhões de leitos.
Entre esses estabelecimentos, 47,9% eram hotéis, 31,9% eram pousadas e 14,2% eram motéis. De acordo com Felipe Martinez, Presidente da ABMotéis – Associação Brasileira de Motéis, a utilização de motéis para hospedagem já é uma realidade em grandes eventos. “É comum que a rede moteleira dê suporte quando a cidade em que o evento irá ocorrer tem um déficit de acomodação, como a COP-30 em Belém (PA). É importante ressaltar que atualmente os principais motéis das principais capitais já trabalham com a venda de diárias nas principais agências de viagens online como Booking.com, Expedia e Decolar. Em grandes eventos como o Carnaval de Salvador, Fórmula 1 e Rock in Rio, por exemplo, os turistas já procuram os motéis como opção de hospedagem. Na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, o trade moteleiro foi acionado pelo Ministério do Turismo para compor o percentual de acomodação necessário para receber os turistas na época”, explica Felipe.
Sobre a COP-30 em 2025, Felipe afirma que a ABMotéis tem mantido conversas com empresários do setor de Belém (existem 63 motéis na capital paraense que, juntos, representam aproximadamente de 2.500 quartos disponíveis) para entender os desafios locais. “Em novembro do ano passado, a ABMotéis promoveu um Fórum de Gestão Moteleira na capital paraense, com a realização de palestras sobre marketing, perfil do consumidor e oportunidades para o setor na região. Um desses tópicos abordou justamente a realização da COP-30, com a ABMotéis estimulando que motéis de lá comercializem diárias nas principais agências de viagens online, que treinem seus colaboradores e que invistam em suítes modernas para receber os turistas da Conferência. Além disso, a ABMotéis trabalha atualmente em uma cartilha para apoiar os motéis locais a se prepararem para receber turistas da COP-30. Por fim, a ABMotéis, como única representante dos motéis no Brasil, está à disposição do Ministério do Turismo e do Governo do Pará para apoiar a realização do megaevento no quesito acomodação”, diz Felipe.
Outras opções são a utilização de alternativas criativas, o compartilhamento de moradia e o aluguel de casas e apartamentos por meio de plataformas online, são vistas como uma forma de aliviar a pressão sobre a rede hoteleira tradicional. Além da possibilidade do uso de navios de cruzeiro como alternativa de hospedagem. “Já existe uma ação de parceria junto à Airbnb onde a cidade pretende disponibilizar em torno de 5 mil leitos. Isso já está decidido e será um grande reforço pro evento. Está previsto também a chegada de dois grandes transatlânticos que deverão disponibilizar em torno de mais 5 mil leitos”, afirma Santiago.
Orlando de Souza concorda que uma das soluções mais viáveis seriam as plataformas de aluguel por temporada, como o Airbnb, que podem disponibilizar mais opções de hospedagem. O executivo também lembra que nem todos os visitantes da Conferência são de alta cúpula. “Para os chefes de Estado é possível pegar os hotéis 5 estrelas disponíveis na cidade e bloquear as estadias só para alta cúpula, o que já resolveria esse problema. Mas também temos que lembrar que vem muitos ativistas, pessoas que vão acampar, ficar em barracas, ficar na casa de amigos ou da comunidade local, que vão procurar hospedagens alternativas”.
A comunidade local como anfitriã
De fato, uma das principais plataformas mundiais de hospedagem, o Airbnb, firmou parceria com o governo do Pará para tornar o serviço mais conhecido no Estado e ampliar o número de leitos. De acordo com Aleksandra Ristovic, Gerente de Relações Institucionais e Governamentais do Airbnb no Brasil, a parceria entre Airbnb e Governo do Pará tem o objetivo de impulsionar o turismo e o desenvolvimento econômico em preparação para a COP-30 em Belém. O acordo prevê atuação em prol de empoderamento econômico, turismo regenerativo e promoção turística com a criação de uma rota de viagem sustentável para promover experiências autênticas.
Essas iniciativas pretendem evidenciar o potencial de Belém como anfitriã da Conferência, além de impulsionar o desenvolvimento local e embasar políticas públicas que apoiem o turismo local por meio de inteligência mercadológica. “É importante destacar a importância da realização da COP-30 no Brasil, e mais especificamente em Belém, no Pará. O Airbnb está comprometido com esforços para que o evento seja um grande sucesso e, principalmente, colaborar para a construção do desenvolvimento sustentável em favor da região, bem como na disponibilização de acomodações para as pessoas que vão visitar a cidade, além de oferecer materiais informativos e educacionais para os anfitriões atenderem a demanda da melhor forma”, afirma.
A vantagem do aluguel e compartilhamento de moradias é o fato de se disponibilizar uma estrutura física que já está pronta, investindo na capacitação da comunidade local e na promoção do serviço. “O Airbnb está comprometido com esforços para que Belém esteja cada dia mais preparada para receber um evento dessa magnitude, com a colaboração dos anfitriões no Airbnb, que são peças fundamentais para o sucesso da plataforma e para a oferta de acomodações. As iniciativas da parceria com o Governo do Pará fazem parte de um trabalho de familiarização da população de Belém com o Airbnb, gerando oportunidades de empoderamento econômico por meio da disponibilização de seus espaços. No contexto da COP-30, este acordo pretende estimular que a população de Belém, que já é conhecida por sua hospitalidade, acolhimento e educação, tenha papel central na acomodação dos turistas. As ações previstas incluem a criação de materiais informativos e educacionais para potenciais anfitriões, entre outras”, afirma Aleksandra que destaca que um dos pontos mais importantes da parceria com o Governo do Pará é o empoderamento econômico da população. E acrescenta: “O importante é familiarizar cada vez mais os moradores com a plataforma e os benefícios que ela pode trazer, já que este é um dos pilares do acordo. Além da capacidade de ajudar a solucionar a questão de acomodações, por sua capilaridade, o Airbnb também é uma forma de donos de imóveis locais obterem renda extra, se beneficiando de um fluxo mais intenso de visitantes não só nesses períodos, mas conforme cada vez mais viajantes visitam mais destinos no Airbnb. Ao disponibilizar uma acomodação ou fazer uma reserva, hóspedes e anfitriões também podem se beneficiar de uma conexão cultural única entre eles e com o destino”, conclui.
O Airbnb já teve experiências anteriores para apoiar a realização de grandes eventos em várias partes do mundo, incluindo ações em Glasgow, na Escócia, durante a COP-26, quando ofereceu incentivos em cupons de viagens para que novos anfitriões passassem a disponibilizar seus espaços na plataforma. Uma das principais propostas da empresa é ajudar a resolver problemas de oferta de acomodação durante grandes eventos, o Brasil já teve essa experiência durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, quando o Airbnb foi parceiro oficial de acomodação alternativa, e acomodou cerca de 85 mil hóspedes.
Infraestrutura e logística também merecem atenção
Outro desafio significativo é a infraestrutura de transporte e mobilidade urbana. A cidade precisará garantir que os deslocamentos entre locais de hospedagem e o centro de convenções onde ocorrerão as reuniões sejam eficientes e seguros. Para isso, investimentos em melhorias no transporte público, criação de rotas dedicadas e reforço na segurança serão essenciais. Para isso o Governo Federal lançou ainda em 2023, um plano de investimentos com o Novo PAC que contempla áreas como infraestrutura, mobilidade e energia. De acordo Clóvis Carneiro o Governo do Estado tem capitaneado um grande esforço para melhorar a infraestrutura urbana de Belém. “O trabalho vem atingindo diversos setores de forma holística em nossa capital. Há também esforços da Prefeitura de Belém e do Governo Federal”, comenta. Toni Santiago acrescenta que todos os gargalos logísticos estão sendo resolvidos. “A cidade está um grande canteiro de obras. Lugares sendo reformados, outros inteiramente novos de grande envergadura. A mobilidade também está sendo contemplada com a chegada de 300 novos ônibus, muitos desses elétricos. A inauguração de corredores de tráfegos como o BRT será inaugurada antes do evento. O aeroporto terá obras de reformas para a COP-30. Com o passar do período chuvoso que acabou em maio, todas as obras entraram em ritmo acelerado”.
A cidade também receberá investimento de R$ 1,3 bilhão da Itaipu Binacional para o aprimoramento da infraestrutura da capital paraense. O anúncio foi feito no início de maio em Brasília (DF). Além das obras de requalificação de vias e da expansão da rede de esgotamento sanitário, o recurso também será direcionado para a revitalização do Complexo do Ver-O-Peso, um dos principais atrativos turísticos do estado. Durante o evento, foram assinados três convênios, sendo o primeiro com o governo estadual, com mais de R$ 1 bilhão destinados para o aprimoramento de infraestrutura viária e implantação do Parque Linear Doca, a execução de 50 km de rede e saneamento, com 4,8 mil ligações de esgoto. O montante também será direcionado para a pavimentação de vias de acesso ao local onde será realizada a COP-30, para a implantação de vias marginais do Canal Água Cristal, equipamentos de controle de tráfego, entre outras.
Já os demais convênios, assinados com a Prefeitura de Belém, preveem a implantação do Parque Urbano Igarapé São Joaquim, incluindo projetos de arquitetura, paisagismo, rede esgoto, abastecimento, iluminação pública, pavimentação e sinalização viária. O acordo contempla ainda a reforma e revitalização do Complexo Ver-o-Peso, símbolo da capital paraense que abriga um dos mercados mais antigos do Brasil, e a restauração do Mercado Municipal de São Brás, construção histórica localizada no centro da cidade.
Os anúncios ainda destacam um investimento de R$ 41,8 milhões envolvendo a Itaipu, o PTI - Parque Tecnológico Itaipu, a Prefeitura de Belém e a Fadesp - Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa, para o desenvolvimento de metodologia para a gestão de resíduos sólidos, ações de educação ambiental e de inovação em biotecnologia. Outra ação na preparação para a COP-30 é a dragagem do Porto de Belém. A obra que prevê aprofundar o calado para nove metros, o que permitirá a atracagem de cruzeiros com o objetivo de aumentar a capacidade hoteleira da cidade.
Adicionalmente, a realização de um evento dessa magnitude em Belém coloca em evidência a necessidade de sustentabilidade. Os organizadores estão comprometidos em minimizar o impacto ambiental da Conferência, o que inclui medidas para reduzir o consumo de recursos naturais e a emissão de carbono associada ao aumento temporário da população.
Qualificação da mão de obra e setor de A&B
Outros desafios que permeiam a preparação para a Conferência do Clima é no que diz respeito a parte de alimentação dos visitantes e da mão de obra qualifica para atendê-los.
O Ministério do Turismo está realizando uma série de ações para a realização da COP-30, em Belém, entre elas, está a qualificação profissional do setor turístico. Em janeiro deste ano, o ministro do Turismo, Celso Sabino, discutiu a criação de um plano de qualificação profissional durante reunião com a Secretaria de Estado de Turismo do Pará e o Sebrae. Toni Santiago destaca que o Governo do Estado juntamente com entidades como o Sebrae, Sesc, entre outras, criou uma “central de cursos”. “Hoje temos centenas de cursos já sendo ministrados para atender a demanda da COP-30. Curso de hotelaria, turismo receptivo, guias, alimento e bebidas, línguas diversas, barman, restaurante, gestão, etc. O melhor é que estamos com grande engajamento, com turmas a todo vapor e em ritmo acelerado”. O Princesa Louçã também tem investido em qualificação. “Temos trabalhado com a estrutura do Senac, matriculamos 20 garçons no curso de inglês e temos reforçado nosso time de recepção com anfitriões que falam francês e espanhol”, afirma Clóvis Carneiro.
No segmento de bares e restaurantes, são necessárias adequações para padrões sanitários internacionais, investimentos em capacitação de mão de obra e em modernização e renovação de equipamentos. Segundo dados da Abrasel – Associação de Brasileira de Bares e restaurantes, o Pará possui atualmente 34.489 mil estabelecimentos comerciais entre bares e restaurantes, que empregam mais de 1 milhão de pessoas, cujo faturamento, em 2022, foi de R$ 396 bilhões. A associação estima que o faturamento do setor cresça nos próximos anos.
Os desafios para a realização da COP-30 são, portanto, múltiplos e complexos. No entanto, com planejamento adequado e colaboração entre os diversos setores envolvidos, Belém tem a oportunidade de não apenas sediar um evento bem-sucedido, mas também de deixar um legado positivo para o desenvolvimento sustentável e a infraestrutura da região amazônica.