A LA Hotels passou a administrar no ano passado as marcas Golden Tulip, Tulip Inn e Royal Tulip no Brasil e já comemora uma boa performance. No primeiro semestre de 2019, houve um crescimento de 13% em quartos ocupados, 7,9 p.p. acima da média do mercado hoteleiro nacional. Hoje, 13 hotéis são administrados no Brasil e o plano é de chegar a 30 hotéis no prazo de cinco anos. Marcas e bandeiras é o que não faltam na Louvre Hotels Group, que conta com um portfólio de mais de 1.500 hotéis em 54 países.
A empresa é uma subsidiária da Jin Jiang International Holdings, segundo maior grupo de hospedagem no mundo, que tem mais de 1 milhão de quartos, divididos em 10 mil hotéis, 50 marcas e presente em 120 países. Confira nessa entrevista exclusiva com Paulo Michel, CEO da Louvre Hotels Group Brazil, os planos para o Brasil.
Revista Hotéis - A Golden Tulip Brasil Hotelaria adquiriu no ano passado 100% das ações da operadora hoteleira LA Hotels controlada pela BHG. Quais os motivos que levaram a fazer essa aquisição e o que ela representa para o posicionamento no Brasil?
Paulo Michel - A Louvre Hotels Group enxerga o Brasil como um mercado de muito potencial, por isso optou por fazer o investimento adquirindo a LA Hotels no final de 2018 com a intenção de fortalecer e expandir as marcas Golden Tulip, Tulip Inn e Royal Tulip na região. A partir deste acordo, passamos a ser o escritório regional da Louvre Hotels Group no Brasil, diferente da BHG, que tinha apenas a representação das marcas. Com uma proximidade maior e estratégica da sede francesa, temos todo o apoio necessário para atingir os objetivos traçados.
R.H - O que levou você a aceitar ser o CEO da Louvre Hotels Group Brazil e qual bagagem profissional você trouxe para esse desafio?
P.M - Fiquei muito honrado com o convite para este desafio. Além de já ser a segunda maior empresa em número de hotéis no mundo, o projeto de crescimento da Companhia me fascinou. Vou colocar toda a minha energia e conhecimento angariado ao longo de 32 anos no mercado de hotelaria neste projeto. Sou formado em Administração e com pós graduação internacional em Hospitalidade e engajado nas principais associações do meio, como ABIH/RJ.
R.H - Quais resultados estão obtendo na administração dessas bandeiras?
P.M - Os resultados têm nos surpreendido positivamente. No primeiro semestre de 2019, tivemos um crescimento de 13% em quartos ocupados, 7,9 p.p. acima da média do mercado hoteleiro nacional, segundo dados do FOHB, e 17% em receita de hospedagem, 4,2 p.p. acima da média do mercado hoteleiro nacional, comparado ao mesmo período do ano anterior nos mesmos hotéis. Além disso, este ano nove dos nossos hotéis receberam o Certificado de Excelência, concedido pelo TripAdvisor, dos quais quatro hotéis ganharam o selo Hall da Fama por terem recebido o certificado por cinco anos consecutivos.
R.H - Como a Louvre Hotels Group está posicionada no mundo e quais marcas representa?
P.M - Um dos mais importantes players na indústria global de hospitalidade, o Louvre Hotels Group conta com um portfólio de mais de 1.500 hotéis em 54 países. Este portfólio contempla hotéis de diversos perfis, de 1 a 5 estrelas, que incluem as marcas históricas do grupo (Première Classe, Kyriad, Kyriad Direct, Campanile, Tulip Inn, Golden Tulip, Royal Tulip), as 5 marcas da rede Sarovar, na India, o French Group Hôtels and Préférence e a marca chinesa Metropolo. O Louvre Hotels Group é uma subsidiária da Jin Jiang International Holdings Co. Ltd., segundo maior grupo de hospedagem no mundo, que conta com mais de 1 milhão de quartos, divididos em 10 mil hotéis, 50 marcas e presente em 120 países.
R.H - Vocês pretendem trazer outras marcas mundiais para o mercado brasileiro? Como vocês analisam essa possibilidade?
P.M - Estamos analisando a viabilidade. Entendemos que o Brasil tem um grande potencial por ainda ter grande parte de sua hotelaria como independente e sem representatividade internacional. Também estamos mirando em novos projetos que sairão do papel nos próximos anos. Nossas bandeiras atendem praticamente todos os segmentos e algumas têm boa flexibilidade para adequação do padrão ao produto, como por exemplo a marca Kyriad.
R.H - Quais hotéis estão administrando no Brasil?
P.M - Atualmente, temos 13 hotéis no Brasil, todos administrados. O hotel de luxo Royal Tulip Brasília Alvorada, os hotéis upscale Golden Tulip Brasília Alvorada, Golden Tulip Goiânia Address, Golden Tulip Natal Ponta Negra, Golden Tulip Porto Vitória, Golden Tulip São José dos Campos, os hotéis midscale Tulip Inn Fortaleza, Tulip Inn Sete Lagoas, Tulip Inn Campos dos Goytacazes, Tulip Inn Itaguaí, Tulip Inn São Paulo Paulista e o econômico Soft Inn Maceió Ponta Verde. E, em setembro, vamos inaugurar o Golden Tulip Macaé.
Os resultados têm nos surpreendido positivamente. No primeiro semestre de 2019, tivemos um crescimento de 13% em quartos ocupados, 7,9 p.p. acima da média do mercado hoteleiro nacional
R.H - Qual é a expectativa de crescimento da Golden Tulip Brasil Hotelaria nos próximos anos e qual é o modelo de negócio que estão adotando?
P.M - A rede pretende chegar a 30 hotéis no prazo de cinco anos. A ideia é crescer por meio de franchising, licenciamento de bandeira, administração e aquisição de hotéis. Temos bandeiras de relevância global, taxas competitivas, força de distribuição e vendas nacional e internacional, experiência operacional e diferentes formatos de contratos para atender as necessidades do mercado.
R.H - Como se encontra o processo de reposicionamento estratégico da bandeira Golden Tulip no Brasil? Quais investimentos estão sendo feitos e como essa marca se posicionará no mercado?
P.M - Sim, os hotéis da bandeira Golden Tulip estão em pleno processo de reposicionamento estratégico. Há uma renovação completa de sua identidade visual e já se podem notar mudanças também nos serviços. Todos os colaboradores dos hotéis estão passando por um profundo treinamento de cultura “The Golden Tulip Experience”. Em maio deste ano, os Gerentes gerais dos hotéis vieram ao Rio de Janeiro para receber o primeiro treinamento ministrado pela equipe da França da Louvre Hotels Group. Os hotéis não podem mais se contentar em ser a última etapa de uma viagem, em que o hóspede passa apenas a noite para dormir. Devem ser lugares para conviver, trabalhar e divertir – a qualquer momento.
R.H - Vocês pretendem também investir no reposicionamento de outras marcas no Brasil?
P.M - Sim, a marca Tulip Inn também já está em processo de reposicionamento estratégico, se tornando uma marca mais jovem, moderna e funcional e a marca de luxo Royal Tulip também será relançada ainda esse ano.
R.H - Vocês estão inaugurando uma unidade em Macaé (RJ) nesse mês de setembro. Muitos especialistas consideram essa praça complicada em razão dos problemas ocorridos na Petrobrás. Como vocês vão posicionar esse empreendimento para ele ter uma boa performance?
P.M - Escolhemos a capital nacional do petróleo justamente por conta das expectativas de crescimento econômico da região e pela proximidade com grandes empresas do setor de óleo e gás. E as expectativas são as melhores. Macaé vive um novo momento econômico com o início das obras do Terminal Portuário de Macaé (Tepor), além do retorno de voos comerciais no Aeroporto de Macaé, previstos para ocorrer ainda em 2019. Nosso hotel estará pronto para atender principalmente ao público business, oferecendo hospedagem diferenciada, divertida e funcional. Temos certeza de que será a melhor opção de hospedagem upscale em Macaé.
R.H - Na sua opinião, quais os principais gargalos da hotelaria brasileira e como resolver?
P.M - O Brasil precisa efetivamente pensar no Turismo como atividade econômica, incentivar o conhecimento e os investimentos na área, além de ter uma política de promoção dos destinos dentro do próprio país e no exterior. A liberação do visto norte-americano é excelente, mas é algo que precisa ser mais divulgado.
R.H - Como você analisa a hotelaria brasileira nos próximos anos?
P.M - Entendo que teremos uma evolução bastante interessante com o crescimento do modelo fracionado e dos hotéis independentes, que buscam se aliar a marcas de representatividade nacional e internacional. O ano de 2019 está mostrando um crescimento na ocupação na maioria das cidades e espera-se um aumento no REVPAR em 2020. Com o reaquecimento previsto da economia brasileira estas previsões deverão se realizar.
R.H - Como você analisa os turistas chineses que ainda chegam ao Brasil?
P.M - A China já é o maior emissor de viagens para o exterior do mundo, por isso seria muito importante também a suspensão de visto dos chineses para o Brasil. Tenho a impressão de que ainda não descobrimos todo o potencial dos turistas chineses por aqui.