Henrique Weaver, Diretor da OYO Hotels & Homes no Brasil

Escrito em 01/04/2020
Edgar J. Oliveira


O mercado hoteleiro brasileiro está sendo surpreendido por um grande player mundial da hotelaria que aportou no País no ano passado praticando diária de apenas R$ 40,00. Com isso cresceu de forma meteórica e hoje já se encontra em mais de 40 cidades, espalhada por todas as regiões brasileiras, com mais de 500 hotéis e 13 mil quartos.

O nome OYO pode não ser conhecido, mas basta ver a logomarca estampada na fachada pintada de vermelho que vem à lembrança dessa que já considerada a maior rede do Brasil em número de hotéis.

O portfólio da empresa que já opera em mais de 800 cidades e em 80 Países no mundo, já conta com mais de 43.000 propriedades e já ultrapassou a marca de 1 milhão de quartos. Tecnologia baseada em inteligência artificial para hotéis independentes em todo o mundo, assim como o melhor gerenciamento de receita são alguns dos fatores que fazem a diferença da Oyo. Confira nessa entrevista exclusiva com Henrique Weaver, Diretor geral da OYO no Brasil

Revista Hotéis - Como e quando surgiu a OYO? Ela foi criada com quais objetivos, como está a atuação e expectativa mundial de crescimento nos próximos anos?

Henrique Weaver - Criada em 2013, a OYO Hotels & Homes é uma startup de hotelaria – de origem indiana - e considerada atualmente como a principal rede de hotéis, residências e espaços do mundo. O portfólio da empresa, que representa mais de 43.000 propriedades e já ultrapassou a marca de 1 milhão de quartos, combina imóvei totalmente remodelados e padrões de qualidade OYO. Além disso, traz a sua própria tecnologia baseada em inteligência artificial para hotéis independentes em todo o mundo, para um melhor gerenciamento de receita, permitindo que eles tenham sucesso nesse mercado bastante competitivo com grandes redes. A OYO opera em mais de 800 cidades e em 80 países, incluindo EUA, Brasil, Europa, Reino Unido, Índia, Oriente Médio, Sudeste Asiático e Japão.

Nossa nova direção de negócios está centrada em quatro pilares estratégicos para a construção de uma organização mais enxuta, saudável e mais ágil. Isso inclui crescimento sustentável, lucratividade, excelência operacional e do cliente, treinamento e governança são para nós o caminho claro para a lucratividade para além de 2020.

R.H - Como se encontra a operação no Brasil, quantos empreendimentos estão operando e como enxerga as oportunidades apresentadas pelo mercado para crescimento e expansão?

H.W - Hoje, a OYO já está em mais de 40 cidades, espalhada por todas as regiões brasileiras, com mais de 500 hotéis e 13 mil quartos. Já somos considerados a primeira rede hoteleira no Brasil, em número de hotéis, e nosso plano é de investirmos na construção de fortes relacionamentos com parceiros e experiência do cliente, enquanto traçamos um caminho claro para a lucratividade no Brasil e em outros mercados globais importantes em todo o mundo.

R.H -- Alguns especialistas do mercado afirmam que a OYO não tem critério para captar os meios de hospedagem a sua plataforma, pega qualquer um e alguns em condições precárias, passa uma tinta vermelha na fachada e estampa sua marca. Como você analisa essa questão?

H.W - A OYO segue critérios internos rigorosos para a escolha de hotéis de acordo com cada região. Nós temos um time de Transformação, composto de arquitetos, engenheiros e designers. O trabalho desse time é garantir que os hotéis evoluam para que atinjam os padrões de qualidade da OYO - isso é muito importante para nós. Uma coisa interessante que notamos após um hotel entrar para a rede da OYO é uma melhoria significativa das avaliações de hóspedes, o que indica que nós agregamos bastante valor para a experiência de hospedagem. Ainda há um longo caminho a percorrer, e já negamos hotéis por saber que não poderíamos agregar valor e a parceria não seria benéfica, e estamos trabalhando todos os dias para continuar construindo uma organização na qual todos os nossos públicos possam ter uma experiência gratificante com base nos princípios de confiança, respeito e resiliência. Nosso foco é trabalhar em parceria com hoteleiros independentes para melhorar a experiência e a ocupação através do uso de novas tecnologias, melhorando a rentabilidade do estabelecimento.

R.H - - Tem muitos meios de hospedagem da OYO praticando diária de apenas R$ 40,00. Essa conta fecha? Qual é o segredo de uma diária tão baixa com lucratividade?

H.W - Gestão de receitas e precificação são algumas das fortalezas da OYO. Um dos pontos mais importantes para nós é em fazer com que o RevPar dos hotéis suba consideravelmente. Usamos machinelearning para obter precificação dinâmica, enquanto a AI (Inteligência Artificial) e a PNL (Processamento de linguagem natural) estão ajudando no atendimento ao cliente. Os primeiros meses são cruciais para fazer testes e descobrir a melhor aplicação de tarifa. Como em qualquer modelo de negócios onde há parcerias, em um primeiro cenário, o retorno inicial dos investimentos leva de um a três meses para acontecer. O segundo passo, onde todos os gastos de reestruturação e padronização da propriedade para um Hotel OYO estiverem cobertos, a margem de lucro aumenta. A OYO deixa claro para o dono do hotel como o modelo de negócio funciona, sendo transparente e oferecendo e capacitando o uso dos recursos operacionais para a gestão financeira do hotel.

R.H -- Como a OYO é remunerada nessa operação? Como a diária é baixa, existe taxa de inadimplência dos meios de hospedagem?

H.W - A OYO é remunerada através de uma comissão sobre receitas de hospedagem. Há uma reconciliação automática para transferências de pagamentos na primeira semana de cada mês e temos uma equipe dedicada para sanar dúvidas, 24/7, que possam surgir dos hoteleiros no meio do caminho.

R.H -- Qual é exatamente o modelo de negócios      que a OYO pratica no Brasil? Ele se enquadra em franquia ou licenciamento de marca ou se limite aos hotéis cederem com exclusividade a tarifa par comercialização para ter volume de negócios?

H.W - Para os proprietários de hotéis, a OYO começou com a crença de que todos merecem uma vida melhor. A empresa se comprometeu a mudar a maneira como as pessoas vivem e fez isso atualizando hotéis independentes em espaços de ótima qualidade e oferecendo-os a preços acessíveis nas melhores localizações do mundo. Até o momento, já hospedamos mais de 50 milhões de hóspedes na rede OYO.

“Até o momento, já hospedamos mais de 50 milhões de hóspedes na rede OYO”

A OYO revolucionou o espaço de hospitalidade orçamentário fragmentado e baseando-se e legados, transforma hotéis independentes com um layout padrão OYO, oferece aos proprietários recursos e a tecnologia operacional, que lhes permitem competir com grandes redes de hotéis e a obter altas ocupações e, portanto, lucratividade.

R.H - - Como a OYO fiscaliza os meios de hospedagem para saber se a operação está dentro dos padrões e o que pode descredenciar um hotel?

H.W - Assegurar licenças, certificados, permissões apropriadas é parte da responsabilidade do proprietário do ativo/ hotel. Temos cláusulas explícitas em nosso contrato que exigem que os hotéis tenham todas as licenças e certificados necessários para operar — e os hotéis declaram no contrato que estão em conformidade com os requisitos obrigatórios. Em termos simples, caso a OYO identifique que um dos hotéis em seu portfólio não está com licença ativa, nós notificamos o hotel e estabelecemos um prazo para a regularização — sendo essa uma prática padrão no Brasil.

“Um hotel que entra para a rede da OYO passa a ter uma melhoria significativa das avaliações de hóspedes. Até o momento, já hospedamos mais de 50 milhões de hóspedes na rede OYO”

R.H -- Como a OYO está coordenando sua expansão agressiva e crescimento sustentável, tendo em vista que no balanço fiscal do ano passado apresentou um prejuízo de US$ 335 milhões. Até quando existe fôlego para absorver prejuízos e quando o balanço poderá fechar no azul?

H.W - O crescimento sempre será uma vertente latente na nossa estratégia. De toda forma, nossa meta agora é equilibrar a velocidade de nosso crescimento com nossas capacidades operacionais e continuar a crescer de forma sustentável. Queremos levar aos hoteleiros independentes uma oportunidade de fazer parte de um modelo de negócio único e diferenciado. Em 2020 e além, aplicaremos nossos aprendizados e focaremos na excelência operacional. Investiremos na construção de fortes relacionamentos com parceiros e experiência do cliente, enquanto traçamos um caminho claro para a lucratividade no Brasil e em outros mercados globais importantes em todo o mundo.

R.H - - O SoftBank, que controla a OYO, também controla a WeWork que cresceu muito, mas passa atualmente por um momento de reestruturação e queda de rentabilidade. Que análise faz desse situação e isso pode ocorrer também na OYO?

H.W - Aprendemos muito com o que acontece no mercado. Sempre estaremos, comprometidos em aumentar a OYO da maneira certa. Estamos focados em nossos princípios de garantir confiança, ser respeitosos e resilientes o tempo todo. Não apenas para nós, mas também para os milhões de clientes e milhares de proprietários de ativos que nos apoiam e confiam em nós.

R.H -- O Airbnb é um dos investidores da Oyo e está crescendo muito no Brasil. Que sinergia podem ter para crescer ainda mais juntos e como é a relação da Oyo com as OTA`s?

H.W - O Airbnb, como mencionado, é um investidor da OYO Hotel & Homes mundialmente. Ficamos felizes em unir esforços para oferecer aos hóspedes boas opções de hospedagem fora de suas casas. Já sobre as OTA’s, a relação é positiva e é um canal importante para visibilidade do nosso portfólio fora dos canais oficiais da OYO; App, website e call center.

R.H - - Como você imagina a OYO no Brasil nos próximos anos?

H.W - O nosso maior objetivo como companhia é que nossos públicos de interesse, sendo eles funcionários, proprietários de hotéis parceiros e hóspedes estejam satisfeitos com a marca e nossos serviços. Trabalhamos incansavelmente para entregar excelência operacional, interação positiva e tecnologia de ponta impulsionando uma boa experiência realmente de qualidade, padronizada e a um custo acessível.

R.H - - Em razão dessa pandemia do novo coronavírus, como você analisa a situação? Quais os impactos que isso poderá ter e quando acredita que retornará a normalidade?

H.W - Montamos um grupo de trabalho com a liderança da companhia no Brasil para acompanhar diariamente, e incansavelmente, tomadas de decisão necessárias para preservar a segurança e saúde dos nossos funcionários, dos parceiros hoteleiros e dos hóspedes, ao mesmo tempo que garantimos a sustentabilidade do nosso negócio. Uma grande parcela dos funcionários já está trabalhando remotamente (home-office), hoteleiros recebem informações cruciais e guias importantes sobre como manter os hotéis higienizados e seguros.

Além disso, cuidamos da implantação de políticas de cancelamento mais flexíveis para nossos hóspedes, entre outras importantes iniciativas que estão por vir. Na China, onde a pandemia já está recuando, vemos que o negócio da OYO retomar, o que nos dá esperança. Mas no momento nosso foco no Brasil, como falei, é em garantir a segurança de todos e manter a saudabilidade do nosso negócio e do negócio dos hoteleiros.


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