Entrevista com Erica Drumond, Diretora do hotel Ouro Minas

Escrito em 01/07/2024
Edgar J. Oliveira


Há 27 anos atrás entrava em operação o hotel Ouro Minas, o primeiro empreendimento padrão cinco estrelas da capital mineira. Focado em receber o público de lazer, assim como o corporativo, o hotel continua sendo uma referência de hospedagem de alto padrão. E para se manter ainda mais competitivo no mercado, está com uma reforma em cursos que demandará investimentos de R$ 30 milhões para se adequar a bandeira Dolce by Wyndham.

O projeto foi iniciado em junho de 2021 praticando a hotelaria essencial que nada mais é do que trabalhar o básico e isso inclui: Quartos escuros, silenciosos, limpos, chuveiro abundante, tecnologia e segurança. O retrofit neste modelo híbrido, para atrair o mercado, começou pela infraestrutura do back e depois pela decoração e o mobiliário foi trocado. Até o final deste ano todos os 346 apartamentos estarão reformados. A gastronomia e área de eventos também estão passando por grandes mudanças, assim como tem um projeto, que passa por análise na prefeitura, para duas piscinas externas para atender aos jovens e crianças.

E os resultados desse investimento já são animadores. Em 2023 o Ouro Minas teve o melhor ano da nossa história no que diz respeito ao faturamento e resultado. A receita fechou com algo em torno de R$ 45 milhões e uma taxa de ocupação de 68%. E muitas outras novidades ainda estão por acontecer. Confira nessa entrevista exclusiva com Érica Drumond, Diretora Administrativa Financeira do Ouro Minas Dolce by Wyndham.

Revista Hotéis – Como foi planejado o programa de revitalização do Ouro Minas Dolce by Wyndham?

Érica Drumond – O planejamento foi feito em cima de dois pilares: O core business do hotel que é o Centro de Convenções e a inovação que veio com a implantação da soft brand Dolce by Wyndham, em expandirmos as áreas e serviços para o público de lazer, já podendo considerar o Ouro Minas um resort urbano. O investimento previsto foi de R$ 30 milhões iniciando em 2022, e chegando em 2024 com R$ 25 milhões já realizado. Para 2025 os investimentos continuarão e passará a casa dos R$ 30 milhões. Iniciado o projeto em junho de 2021 praticando a hotelaria essencial que nada mais é do que trabalhar o básico, quartos escuros, silenciosos, limpos, chuveiro abundante, tecnologia e segurança. Retiramos todos os carpetes dos aptos e colocamos vinílico, 400 novas TVs, fechaduras novas e projeto bem amplo de tecnologia. Do ar condicionado á casa de máquina. Modernização do ar condicionado em todos 346 apartamentos com maior eficiência e conforto para os hóspedes e maior eficiência energética para o empreendimento. A decoração trouxe a leveza, o conforto por mais espaço, colchões e enxoval novos e claro, trocamos os misturadores para monocomando abreviando o tempo de regulagem e economia de água quente. O projeto de tecnologia ainda está em andamento e acredito que não para mais. Estamos com duas antenas a cada UH e pretendemos chegar em 2025 como uma antena por suíte. Para isso implementamos o gerenciador de wi-fi que permite distribuir a internet onde existe maior demanda. Trocamos então todo o cabeamento da internet do prédio. Tudo isso tem sido feito com um mínimo de prejuízo para o hóspede e com o funcionamento normal das operações.

R.H – Como está formatada infraestrutura do que você chama de nosso Resort Urbano?

E.D – Nosso Resort Urbano possui, Kids Club com noite do pijama, suítes família para quatro pessoas e cabana infantil, copa completa para a família, sala de jogos com eletrônicos também disponíveis não só para crianças, mas adulto e atletas, sala de ginástica totalmente nova e três vezes mais ampla e completa, funciona 24 horas. Salas de massagem com terapias diversas, salão de beleza, barbearia, bar da piscina, piscina aquecida com jacuzzi, terraço solar com ducha, saunas seca e a vapor, lobby piano bar, restaurante Quinto do Ouro que é muito prestigiado também pelos Belorizontinos, cardápio internacional, mas com muitas opções que acolhem nossa mineiridade. Em 2022 terminamos o Salão Belo Horizonte que ficou lindíssimo e vamos inaugurar em setembro deste ano, O José Café Bar, que está no final da obra da cozinha. O café funcionará a lá carte para quem quiser sair do buffet que está incluído na diária. Servirá também o Chá das cinco para reservas e eventos. O bar tem um cardápio reduzido passando por canapés, caviar e frutos do mar. Os drinks especiais serão a base de bourbons e scotchs sem abrir mão dos champanhes e vinhos. No 25º andar do prédio o José café bar, será uma homenagem ao fundador da empresa, José Décio Drumond. A família Drumond é originária da Escócia por isso a ênfase nos uísques.

R.H – Que tipo de serviços vocês passarão a oferecer para aumentar as taxas de ocupação sobretudo nos finais de semana?

E.D – Estamos focados em atender a família. Estamos com um belo projeto que passa por análise na prefeitura para duas piscinas externas para atender aos jovens e crianças, já que nossa piscina interna é muito usada pelo público executivo à noite. Na gastronomia o restaurante Quinto do Ouro passou por mudanças. Ainda não retornamos as atividades 24 horas por questões de transporte público local, mas temos o bar que funciona até as 2h manhã e a loja de conveniência com o apoio da copa tem atendido aos hóspedes que chegam de madrugada. O cardápio que até então era voltado para uma gastronomia internacional retornou com pratos da cozinha regional. Vamos resgatar essa tradição com pratos selecionados como o lombo, o feijão tropeiro e a canja mineira, filet com queijo canastra entre outros. A ideia é oferecer uma comida mais sofisticada e com ingredientes diferenciados que atendam ao paladar do cliente. Para o público de romance, mantivemos a “Diária a Dois” promocional destinada a casais que moram em Belo Horizonte. Reformulamos a noite de núpcias e aniversário de casamento. Agora estamos focados em lançar as festas de despedidas de solteiro. Muita gente não faz mais festa de casamento, seriamente decidem morar juntos. Estamos inovando e queremos trazer este público para fazerem seu chá de panela ou despedida de solteiro em umas das nossas três suítes presidenciais e ainda contarem com toda a estrutura do José Café Bar que fica no mesmo andar.

“Estamos focados em atender a família. Estamos com um belo projeto que passa por análise na prefeitura para duas piscinas externas para atender aos jovens e crianças”

R.H – E como todas essas mudanças têm sido recebidas pelo hóspede?

E.D – Temos recebido muitos elogios, e nossa diária média dobrou nos últimos três anos. Acreditamos que as modernizações tem agradado muito nossos hóspedes principalmente os mais frequentes. Este retorno não tem sido apenas pelos turistas que visitam a cidade, mas pelo próprio belo-horizontino que nos prestigia. Para se ter uma ideia, nossas taxas de ocupação nos finais de semana têm sido melhor do que durante a semana, quando não temos convenções sendo realizadas no Centro de Convenções do hotel. Com isso saímos de uma média de 25 a 30% nos finais de semana para 70 a 80% em função do turismo de lazer.

RH – O hotel já ultrapassou a marca das bodas de prata e com 27 anos de operação, os 346 apartamentos também estão passando por mudanças. O que você destacaria?

E.D – Sim falei um pouco já no início da entrevista, mas o importante seria destacar a palavra NOVO. A cada andar que entregamos com todos os banheiros que ficaram mais clean com o uso de material todo branco em mármore, cortinas, colchões novos e maiores, estamos entregando a melhor cama de hotel que podíamos escolher no mercado e muita tecnologia, neste sentido acredito que vencemos os pilares básicos que levam a experiência do conforto agradável. Queremos que nossos hóspedes durmam melhor que nas suas próprias casas e que usufruam do room service que os atende 16 horas por dia. A história e a beleza arquitetônica do prédio continua encantando a quem entra e agora estamos investindo muito no jardim vertical e plantas naturais por todos os lados e andares do hotel. O retrofit neste modelo híbrido para atrair o mercado começou pela infraestrutura do back e depois pela decoração. O mobiliário foi trocado. Até o final deste ano todos os 346 apartamentos estarão reformados. Passamos a contar com 12 suítes família, cada uma com dois espaços distintos. O interior dos apartamentos privilegia os tons mais sóbrios. O lobby também termina a inteira reformulação nos próximos meses.

“A história e a beleza arquitetônica do prédio continua encantando a quem entra e agora estamos investindo muito no jardim vertical e plantas naturais por todos os lados e andares do hotel”

R.H – Que resultados positivos você destacaria a partir desta parceria firmada com a cadeia Wyndham Hotels & Resorts?

E.D – Em primeiro lugar eu destacaria o programa de fidelidade que acabou por trazer inúmeros benefícios para o hóspede e para o nosso hotel. No programa de sustentabilidade já estamos entrando na categoria 3. Com essa parceria o nosso modelo de vendas também mudou, bem como o sistema de distribuição. Com isso 40% das nossas reservas passaram a ser diretas e 60% eletrônicas. Até então mantínhamos uma equipe de 15 funcionários para visitação às empresas. Atualmente são necessárias apenas duas pessoas para atender o mercado corporativo e de eventos. Hoje fazemos parte de um portfólio de 11 mil hotéis em todo mundo. Nosso marketing terá uma arrancada agora com a entrada de uma nova agência e três novos profissionais em vendas e marketing, entre eles o meu filho mais velho.

R.H – E em relação ao turismo de negócios e eventos, onde o Ouro Minas sempre foi uma referência. Quanto representa hoje e quais as mudanças implementadas?

E.D – Sempre fomos conhecidos como uma referência no setor de eventos e decidimos ampliar com a criação do Espaço Belo Horizonte e mais três novas salas de eventos. Passamos a contar com 23 salas de eventos e anfiteatro para 400 pessoas. Somos um hotel de eventos, mas que, ao mesmo tempo, oferece conforto e toda comodidade ao hóspede. Atendemos também delegações esportivas e companhias aéreas. Criamos como opção para as empresas de eventos o sistema “all inclusive” onde se pode dispor de diárias com café da manhã, coffee break, almoço, coquetel e jantar. Trocamos mil cadeiras para oferecer maior conforto ao cliente de convenções, além de todos os carpetes e ar condicionados das áreas de eventos. Apenas em tecnologia investimos cerca de R$ 2 milhões de modo a agilizar nossos serviços. Hoje acredito que o turismo de negócios e eventos represente 60% do faturamento total. Outras receitas podendo chegar a 90% da receita de hospedagem.

Ouro Minas passa por reforma para se manter cada vez mais novo As suítes ficaram ainda mais aconchegantes após a modernização (Foto - Divulgação)

R.H – Como avalia os resultados operacionais registrados recentemente e qual sua expectativa?

E.D – Poderia ter sido um início de ano melhor, não fosse esse clima de incerteza pelo qual o nosso setor passa neste momento diante de um governo que não define com clareza as regras. Já temos uma carga de impostos exagerada e o ideal é que esse benefício do PERSE se mantivesse como regra geral assim como outros setores possuem para desenvolvimento da atividade e da economia do país. O governo precisa olhar o nosso setor com maior carinho pelos benefícios que traz à economia. Em 2022 tivemos um ano de recuperação com pagamento de impostos retroativos e em 2023 tivemos o melhor ano da nossa história nestes 27 anos de operação no que diz respeito ao faturamento e resultado. Fechamos a receita com algo em torno de R$ 45 milhões e uma taxa de ocupação de 68%. Para esse ano, a expectativa é fechar com R$ 52 milhões em faturamento e uma ocupação de 58%, mas com uma diária média bem maior, praticamente o dobro da que vínhamos praticando em 2021.

“Em 2022 tivemos um ano de recuperação com pagamento de impostos retroativos e em 2023 tivemos o melhor ano da nossa história nestes 27 anos de operação no que diz respeito ao faturamento e resultado”

R.H – Numa avaliação pessoal, o que destacaria como um tripé fundamental para explicar o sucesso do Ouro Minas nestes 27 anos de funcionamento?

E.D – Eu destacaria em primeiro lugar o fato de sermos considerados atualmente uma referência em hospedagem para o belo-horizontino e para o turista que visita a cidade. Recebemos hóspedes que vêm aqui com o objetivo de realizar comemorações em datas especiais, uma vez que aqui recebem um tratamento humano com todo carinho e personalização. Mantivemos também a nossa tradição mineira, mas sem jamais deixar de nos atualizar com o uso de tecnologia de ponta nos serviços prestados. Lembro sempre aos nossos funcionários que a razão maior do nosso sucesso se deve aos nossos clientes e a fidelização com credibilidade conquistada junto ao mercado.

R.H – Na sua opinião, quais os gargalos existentes na hotelaria brasileira?

E.D – Acredito que a hotelaria não tem sido muito atrativa para a mão de obra qualificada da maneira que o cliente espera. Seja por ter que trabalhar nos finais de semana e atividade noturna. Muitos entraves das leis trabalhistas não nos deixam ser mais flexíveis e até levar na ponta o que deveríamos para que os colaboradores pudessem ser mais reconhecidos e participativos. Perdemos competitividade na busca de mão de obra para outros setores produtivos. Outro gargalo não é apenas da alta carga tributária, mas a complexidade para se apurar tantos impostos. Muitas vezes leio comentários como: “o restaurante não emitiu nota fiscal” ou “evento ainda não foi fechado” e nos deparamos com sistema da prefeitura ou do estado em lentidão. O consumidor brasileiro ainda acha que o empresário emite nota fiscal, sendo que quem emite são os órgãos públicos, ficamos a mercê quando passam por alguma atualização ou mesmo mudanças.

Ouro Minas passa por reforma para se manter cada vez mais novo A imponente fachada é um marco e referência na paisagem local (Foto - Divulgação)

R.H – Como você enxerga o potencial turístico apresentado pelo Brasil e porque não conseguimos, há mais de uma década, sair da casa de 6 milhões de turistas estrangeiros ano que visitam o Brasil?

E.D – Ai nem gosto de falar sobre isso, o Brasil é uma vergonha se tratando de turismo internacional. Ainda bem que nosso mercado interno é gigante. Um bom exemplo agora foi o Japão que liberou o visto e esperam dobrar o número de visitantes. O Brasil é lindo, a comida maravilhosa, mas para o turismo internacional precisamos de segurança pública o e mínimo na promoção internacional. Não fazemos o básico. Mas deixo minha mensagem: O novo Ouro Minas Dolce by Wyndham, está na sua melhor fase e esperamos retomar com os eventos nacionais. Continuaremos aprimorando nossos serviços e infraestrutura State of the art. Queremos manter a tradição de ser o hotel mais querido de Belo Horizonte, mais desejados pelos casais, famílias, empresas e organizadores de eventos. Somos hóspedes neste planeta e aqui fazemos o melhor todos os dias com alegria. Divertir faz parte da nossa cultura. Venham visitar Belo Horizonte e serem felizes no Ouro Minas. Venha ver o novo com tradição.